domingo, 9 de dezembro de 2012

O BRINCAR E O DESENVOLVIMENTO INFANTIL



Brincar é uma ação que permeia toda a história da humanidade.
No artigo 31 da Convenção dos Direitos Humanos a ONU (Organização das ações Unidas) instituiu o seguinte: “Toda criança tem direito ao descanso e ao lazer, a participar de atividades de jogos e recreação apropriadas à sua faixa etária, usufruindo livremente da vida e das artes”. (ONU, 1995). 
O brincar é um momento de auto-expressão e auto-realização. É algo único, rico e cheio de significados. 
É logo nos primeiros dias de vida que um bebê começa a brincar. Quando ele responde aos estímulos de sua mãe com risos ou com o olhar, ele está se comunicando através do brincar. 
Com o passar dos meses, os aspectos psicomotores começam a ganhar força e o brincar se manifesta com a manipulação e exploração de pequenos brinquedos ou objetos.
Mais adiante com o aparecimento da linguagem surgem os jogos de imitação e assim segue evoluindo, passa pelo faz-de-conta e chega até os jogos de grupo.
Brincar é tão necessário para o desenvolvimento do organismo de uma criança, como o alimento, o abrigo, o ar puro, os exercícios, o descanso e a saúde.
Portanto, brincar é fundamental para um desenvolvimento pleno do ser humano.
O ato de brincar traz consigo a possibilidade da criança não apenas imitar a vida, mas traz a possibilidade de transformá-la. Com o faz-de-conta, se imita, se imagina, representa e se comunica.
A presença dessa situação imaginária é o que distingue a brincadeira de outra atividade. Um fato que vem a legitimar o faz-de-conta é a dissociação do significado do objeto. A criança sente a necessidade de representar o mundo adulto em suas brincadeiras, mas na impossibilidade de manipular os objetos pertencentes a este mundo, ela utiliza artefatos substitutos para representar os do mundo adulto (como por exemplo, a utilização de uma caixa de fósforos no lugar de um barbeador). 
No momento em que se proporcionam, na escola, brincadeiras, cabe ao profissional de educação física observar e registrar os momentos em que aparecem, em seus alunos, o desenvolvimento de suas capacidades.
Mas também existe outra situação, onde o professor deve direcionar atividades onde as brincadeiras tenham um espaço determinado, com materiais determinados e principalmente com objetivos específicos a serem alcançados. Aí sim cabe uma intervenção pedagógica intencional. 
O brincar permite que cada um seja autor de seus papéis, escolhendo-os, elaborando-os e agindo de acordo com suas fantasias e conhecimentos, podendo inclusive solucionar problemas que possam aparecer. Esta é uma ocasião de internalizar e elaborar sentimentos e emoções desenvolvendo o senso de justiça e moral, como diz Piaget.
Brincando, também se podem desenvolver algumas capacidades como a atenção, a imitação, a memória e a imaginação. Além é claro, de colaborar para a construção da identidade e da autonomia.
 Brincar é a fase mais importante da infância - do desenvolvimento humano neste período - por ser a auto-ativa representação do interno - a representação de necessidades e impulsos internos.” (Froebel, 1912, apud KISHIMOTO, 1998).

Maturana e Verden-Zoller colocam alguns pontos que consideram fundamentais sobre o brincar:
A consciência individual aparece a partir do desenvolvimento da consciência corporal.  Quando um bebê não é tocado pelos pais por nenhum canal, o bebê se torna, ao crescer um ser sem identidade nem sentido próprio, pois carece de referência operacional.
A consciência social bem como a autoconsciência só aparece a partir da dinâmica de brincadeiras que ocorrem com os pais.
 Muitos já perderam a capacidade de brincar pelo fato de estar sempre pensando no futuro, sempre competindo para obter êxitos, deixando de viver o presente.  “Brincar é atentar para o presente.”
Brincadeira é qualquer atividade praticada com inocência e realizada totalmente no presente, voltada para ela própria e nunca para seus resultados.

É evidente que quando se for empregar a brincadeira como canal de aprendizado intencional sobre um determinado conhecimento. É preciso que o professor tenha clareza e consciência de tudo o que propõe, tanto em relação às atividades quanto a teoria que o embasa. Segundo Kshimoto:
 “Por ser uma ação iniciada e mantida pela criança, a brincadeira possibilita uma busca de meios, pela exploração ainda que desordenada, e exerce papel fundamental na construção do saber fazer.” (Kshimoto, 1998, pg. 146)



Referência:

MATURANA, Humberto; VERDEN-ZOLLER, Gerda. Amar e Brincar Fundamentos
esquecidos do Humano. 1ª ed. São Paulo: Palas Athena, 2004.

PIAGET, Jean & INHELDER, B. A função semiótica ou simbólica. In: A psicologia da criança. Lisboa: Moraes, 1979

KISHIMOTO, M. Tizuko. O Brincar e suas teorias. São Paulo: Pioneira, 1998.

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